TRIBAL FUSION
O Tribal é um estilo contemporâneo de dança do ventre, que fusiona elementos de diversas danças como o flamenco, danças indianas, danças urbanas, entre outras, representando a união entre o moderno e o ancestral, o sagrado e o profano. É uma dança para todos os corpos, que oferece enorme liberdade criativa. Acolhe a sua singularidade, ao mesmo tempo que celebra a coletividade e a conexão com o grupo e com o universo.
Também conhecido como Dança do Ventre Tribal, Dança Étnica Contemporânea, Fusão Étnica Contemporânea, Fusion Belly Dance, entre outros nomes, esta dança permite uma grande variedade de criações e ampla liberdade de expressão.
Nela misturamos arquétipos, conceitos e movimentos de danças de diversas regiões do mundo.
Suas raízes estão nos anos 60 na Califórnia (EUA), quando a bailarina Jamila Salimpour começa a mesclar às suas performances na Renaissance Pleasure Faire, diversos elementos de povos tribais, que conheceu em viagem ao Oriente. Com sua trupe Bal Anat, passou a desenvolver coreografias que utilizavam figurinos e acessórios das danças folclóricas, com passos característicos da dança oriental. Deu origem a uma forma de dança-teatro e apresentações muito diferentes do que o público estava habituado.
Novos grupos se espalharam pelos EUA. Masha Archer, aluna de Jamila, ensina a técnica a Carolena Nericcio. Carolena criou e catalogou movimentos, modificou a estética da dança e desenvolveu um sistema de senhas próprio do seu grupo FatChanceBellyDance®, originando o American Tribal Style Belly Dance® - ATS® (hoje denominado FatChanceBellyDance Style®), que é dançado em grupo na forma de improviso coordenado.
Nos anos 1990, Jill Parker, ex-integrante do grupo, funda o Ultra Gypsy. Este grupo passou a desenvolver seu próprio estilo, utilizando trajes, músicas e movimentos de danças ocidentais, dançando em solo ou grupo, na forma de coreografias ou de improviso coordenado. Este novo estilo ficou conhecido como Tribal Fusion.
À medida que foi sendo globalizado, passou a incorporar aspectos das culturas locais, resultando na criação de novas vertentes ou sub-gêneros.
Pode-se dizer que esta é uma dança "em construção", pois está em constante transformação, acompanhando as mudanças do mundo e as pautas do nosso tempo.
"Desse modo, a Dança Tribal é um processo de criação constante, aquilo que Lévi Strauss (1976) identificaria como legítima bricolagem. Nunca é a mesma, está sempre em mutação, tomando os elementos que encontra, reciclando, e recriando novas coisas. Como um caleidoscópio, hora ressalta o figurino, hora as marcações cênicas. Num momento vê-se a estética soturna da arte gótica, noutro a força ardente do Flamenco, noutro instante ainda a suavidade da dança do ventre e a leveza exótica das mãos formando mudras. A reciclagem está em tudo, no aproveitamento de tecidos, materiais sintéticos e naturais, no uso de conchas, penas e sementes. O elemento tradicional, remetendo aos enfeites das mulheres orientais, aparece nas moedas, nos braceletes, que ao final se misturam aos adornos indianos, aos xales espanhóis, às flores havaianas, à chita nordestina.
O Tribal é assim, um mosaico, uma marchetaria, que burilada, colada, unida pelas mãos dos círculos de mulheres, formam novas imagens, numa poesia palpável."
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Trecho do artigo “Sementes, espelhos, moedas, fibras...: a bricolagem da Dança Tribal e uma nova expressão do sagrado feminino” de Luciana Carlos Celestino (2006, pós-gradução em Ciências Sociais - artigo para a XVI Semana de Humanidades da Universidade Federal do Rio Grande do Norte).