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Como comecei na Dança do Ventre

Atualizado: 30 de jun. de 2020


Em 2005 minha família e eu mudamos de bairro, voltando a morar perto de um clube que eu costumava frequentar quando criança. Aproveitando o embalo da mudança, resolvemos nos associar no clube para frequentar as piscinas no verão, e quem sabe praticar alguma atividade física. Entre as opções oferecidas pelo clube, lá estava ela: a dança do ventre. Aí pensei: “Deus me livre, mas quem me dera!” A ideia era tentadora pra mim, mas eu nunca havia conhecido ninguém na vida que fizesse dança do ventre. E aquela Karine de 2005 não teve a coragem de desbravar esse universo sozinha. Eu estava cursando a faculdade de veterinária, que era em tempo integral, fora os plantões noturnos que duravam 7 dias seguidos por mês. Então por uns meses essa foi a minha desculpa pra mim mesma pra me privar de algo que na verdade eu estava louca pra fazer. Então incentivei a minha irmã pré-adolescente, transferindo esse sonho pra ela. Ela começou as aulas, e em apenas 4 meses já estava se apresentando no espetáculo de final de ano do grupo de dança. Logicamente fui assistir, e sentei na primeira fila com o bababor, rsrs. Já na primeira coreografia da noite, eu fiquei totalmente deslumbrada e realizei que bastava de desculpas! Eu definitivamente queria aquilo pra minha vida! Era uma dança dos sete véus, cuja música lembro até hoje. Foi muito simbólico pra mim o fato de esta ter sido a 1ª apresentação de dança do ventre que eu assisti na vida, como se a cada véu deixado cair, a bailarina (que logo veio a ser minha 1ª professora), me revelasse aos poucos um novo universo. As próximas coreografias se seguiram, e a cada menina ou mulher que pisava naquele palco eu desejava fortemente que tivesse sido eu. Todos aqueles movimentos, todo aquele brilho, aquela sonoridade tão exótica, mas de alguma uma forma tão estranhamente familiar, pareciam um chamado, um chamado de volta pra casa, pras minhas raizes. Sempre fui bastante cética, mas naquele instante aconteceu algo que transcende minha racionalidade. Era como se eu tivesse entrado em contato com uma energia feminina adormecida em mim, e que precisava ser resgatada.

Então lá fui eu decididamente me matricular na dança do ventre iniciante. Eu não dançava desde a adolescência, quando parei de fazer ballet clássico porque sentia que já não me encaixava naquela rigidez que ele representava pra mim naquele momento. Nunca mais tinha pisado numa sala de dança. Não conhecia a dinâmica de uma aula de dança do ventre.

No horário anterior à minha aula acontecia na mesma sala a aula da turma mais avançada. Meu marido jogava futebol no mesmo horário da minha aula, no mesmo clube. Chegando lá, olhei pela porta de vidro: a sala cheia! Lembro do frio na barriga, aquele que a gente sente quando está prestes a fazer uma coisa que vai mudar a nossa vida. Entrei correndo com vergonha de estar atrasada. Observei a pilha de calçados na entrada da sala, e prontamente deixei ali os meus também. Estavam todas dançando na frente do espelho. Tratei de tomar logo um lugar e comecei a imitar os movimentos da professora, como todas estavam fazendo. Lembro de ter sentido uma sensação incrível, de ver como se ajustavam pouco a pouco ao meu corpo, ainda sem muita consciência. Não demorou muito a professora começou a fazer o alongamento. Foi aí que entendi o que estava acontecendo. “Não acredito! Pára o mundo que eu quero descer! Que vergonhaaaaa!!!” Eu tinha chegado cedo demais, e me metido na aula anterior, achando que era a da minha turma! Tamanha era a minha ansiedade, que eu não tinha me dado conta que a aula anterior estava um pouco atrasada. E ninguém me disse sequer uma palavra quando eu entrei! Apenas me olharam, devem ter me achado muito abusada, hahahaha!

Se eu fiquei pra aula seguinte? Sim ou Claro? Saí de lá querendo morar naquela sala, afinal foi ali que me encontrei!

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